quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Vila do Sol - Parece que foi ontem. Tinhamos a impressão de viver no interior.



Vila do Sol, uma das muitas aqui da Pompéia. Como é bom sentir o seu cheiro pela manhã, de café que vem de fora. Diz que alguém acorda mais cedo do que eu. Me impulsiona a acordar também, abrir a janela do quarto e contemplar o prazer de morar nessa vilinha doce, serena. Dar bom dia quando colher uma romã do pé, sentir o perfume do jasmim de outro jardim, e ter a certeza de que meu vizinho me empresta o açúcar que acabou. Um canto de pássaros, e saber que até o meu cachorro poderá ter carinho e atenção quando eu estiver ausente é um previlégio. Repetindo assim os gestos de uma história, de umas 7 décadas atráz, já era asssim. Quem chega agora, como nós, luta para manter diante do progresso capitalista e da verticalização que se instala na região, esse estilo de vida e também a memória das vilinhas. Não demos sorte em morar aqui e ter esse estilo de vida – estamos lutando por ele. Parece que foi fácil optarmos em ter um pouquinho de qualidade de vida no meio da metrópole. Mas hoje sabemos: o progresso é contra. Todas as características urbanas e arquitetônicas de moradia que estes oásis preservam, estão sendo sufocados pelo avanço dos restaurantes, comércios e prédios e  toda a sua impessoalidade e desumanidade. Quem disser que ao abrir um comércio ou ao subir um edifício, é movido por uma causa nobre, mente. Ele está sim descaracterizando um bairro. É o que acontece aqui também, neste momento.
E pra quem quiser e tiver um motivo igual, ou vontade de preservar, de se indignar, ou acompanhar a resistência destes tempos de destruição das vilas: atulize-se, atualize-nos - some-se aqui. Vamos multiplicar a vontade que parece impossível – parar o tempo.


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